Medicamentos associados à ocorrência de quedas

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), queda é a segunda maior causa de morte acidental no mundo, responsável por 424 mil óbitos/ano, e  ntre as quedas que não causam morte, 37 milhões requerem cuidados especializados de saúde. Os medicamentos utilizados pelos pacientes podem ser fatores relacionados às quedas.

Texto: Marcela Zanatta

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 Além dos danos físicos e emocionais, quando as quedas ocorrem em instituições de saúde, também há consequências econômicas devido a necessidade de tratamentos adicionais, ao aumento do tempo de internação e também à resolução de possíveis reivindicações judiciais. Pacientes hospitalizados apresentam maior risco de quedas, com incidência que varia de acordo com a especialidade do hospital e o perfil dos pacientes, sendo que, em hospitais brasileiros, observou-se uma incidência de quedas entre 0,3 a 1,7 para cada 1.000 pacientes-dia. Provavelmente esse número é superior, dada a subnotificação. quedas 3

Nos pacientes hospitalizados, os seguintes fatores podem aumentar o risco de quedas:  

  • Doenças cardiovasculares
  • Mobilidade comprometida
  • Problemas urinários (ex.: incontinência, poliúria, polaciúria, nictúria)
  • Alterações cognitivas
  • Déficits visuais
  • Histórico de quedas

A ocorrência de quedas é multifatorial e sua ocorrência pode ser reduzida pela modificação de condições sobre as quais temos maior governabilidade e possibilidade de atuação.  

Um dos fatores modificáveis e determinante para a ocorrência desse evento adverso é a a utilização de medicamentos. Estudos mostram que até 95,4% dos pacientes internados que sofreram quedas utilizavam, pelo menos, um medicamento associado à sua ocorrência. As quedas tem sua frequência e sua gravidade aumentada nos extremos de idade. Especialmente nos extremos de idade deve ser priorizado o manejo do uso de medicamentos que aumentam o risco de quedas entre idosos e mães no período pós-parto.

Os efeitos medicamentosos que potencializam o risco de queda causam:

  • Hipotensão ortostática
  • Disfunção cognitiva
  • Distúrbios de equilíbrio
  • Tontura
  • Sonolência
  • Disfunção motora
  • Alterações visuais
  • Parkinsonismo

quedas4Possivelmente há medicamentos que contribuam para quedas, como os opioides, psicotrópicos (incluindo antipsicóticos, hipnóticos sedativos e antidepressivos), medicamentos utilizados no tratamento de doenças cardiovasculares (incluindo os diuréticos) e hipoglicemiantes (incluindo a insulina).  A prescrição de três ou mais medicamentos psicoativos também é um fator de risco significativo.

Entre as recomendações para redução de quedas associadas ao uso de medicamentos estão:

  • Verificar a utilização de medicamentos que potencializam risco de queda e realizar conciliação medicamentosa já na admissão.
  • Revisar a prescrição, dando especial atenção às transições de cuidado (admissão, transferências e alta hospitalar) e realizar adequações levando em consideração medicamentos que aumentam o risco de queda.
  • Informar ao paciente e ao seu acompanhante sobre o uso de medicamentos que podem causar sintomas relacionados ao aumento do risco de queda (exemplos: sonolência, vertigem, tontura, sudorese excessiva, palidez, mal-estar geral, alterações visuais, comprometimento de reflexos, hipotensão, hipoglicemia).
  • Comunicar ao paciente e ao seu acompanhante possíveis alterações na prescrição envolvendo medicamentos associados ao aumento de risco de queda.
  • Prescrever medicamentos benzodiazepínicos para pacientes idosos somente se indispensáveis e evitar seu uso por longo prazo.
  • Avaliar o uso de medicamentos e interações medicamentosas que predispõem pacientes ao risco de hipoglicemia e, consequentemente, quedas
  • Inserir alertas nos softwares de prescrição eletrônica que sinalizem informações sobre medicamentos que potencializam o risco de queda.

Pelo caráter multifatorial da queda, toda a equipe de saúde deve desempenhar papel ativo na prevenção desse evento adverso, incluindo a alta gestão. Essa publicação é baseada no Boletim do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos, de Fevereiro de 2017 e disponível aqui.

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